Finalmente uma luz no fim do túnel: Dicas para começar um alinhamento polar.

Olá,

Após meu choro sobre alinhamento no último artigo, surgiu uma luz depois de ler um artigo publicado no blog do Rodrigo Andolfato (clique aqui para ler). Entrei em contato com o colega  Ewertonn Dourado, e o mesmo de forma muito receptiva me deu algumas dicas que ele utiliza para conseguir alinhar sua montagem eq1 + câmera DSLR com a lente de distância focal de 300mm, e parece que depois de muito tempo realmente surgiu uma luz.

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E não é nada tão complicado, tanto que rapidamente consegui fazer tempos de exposição de 30s com minha câmera DSLR na distância focal de 200mm, sem muito esforço…acredito que consiga um tempo maior, se me dedicar alguns minutos a mais (cheguei a conseguir 40s, mas deu um pouco de arrasto e preferi voltar para os 30s, já que estava com preguiça rsrsrsrs).

O método tem um pouco do temido drift, mas relaxem, só utilizamos ele para conferir o alinhamento no final e os ajustes para correção são bem simples.

O Ewertonn começou me dizendo que o método é um pouco empírico, apesar disto, percebi que estava negligenciando pequenos detalhes que fizeram uma enorme diferença (que irei citar aqui). De início adianto que precisaremos de um app de bússola que indica o norte/sul real (e não o magnético), e o utilizado aqui foi o Kompas e um outro aplicativo chamado de Clinometer (este app é tipo dois em um, possuí um nivelador de nível – que recomendo arrumar um de verdade se puder, é mais prático, ou, um outro app com melhor precisão – e a outra função de clinômetro, para auxiliar no ajuste de altitude/latitude da sua região.

Não sabe qual a latitude de sua cidade? Pesquise aqui: http://pt.mygeoposition.com/

Na montagem tem a indicação dos graus de latitude, no entanto, a medida é de 10 em 10 graus (na eq1), o que não nos dá uma grande precisão, daí utilizo o clinometer para me auxiliar neste momento.

Latitude x Azimute
Latitude x Azimute

Adianto que já fiz esse alinhamento em dois locais do meu apartamento: um na varanda, que possui apenas visão para o lado norte do céu, e na área de serviço, que possui uma janela para o lado leste do céu, ou seja, não preciso olhar de forma alguma para o céu no momento do alinhamento, apenas no final, para conferir como ficou o alinhamento.

Fotografando através de uma pequena janela.
Fotografando através de uma pequena janela.

Com as ferramentas em mãos, vamos começar os trabalhos:

Monte o tripé já no exato local de observação/fotografia;

Tripé montado e nivelado.
Tripé montado e nivelado.

Com o medidor de nível (real ou do app Clinometer), faça um prévio ajuste da base (coloque o nível no local da cabeça da montagem, achei que ali dá uma maior precisão do que na bandeja do tripé);

Nivelando Tripé
Nivelando Tripé
Nivelando
Nivelando

Após isto, bote a montagem apontando para o lado sul (de qualquer forma, desde que esteja para o sul);

Acople a câmera e o contrapeso, balanceie a montagem para que fique bem equilibrada, pois caso não fique, dará arrasto na imagem;

Ajuste a montagem em 90 graus e prenda o conjunto;

Faça o ajuste de altura/latitude com o app Clinometer sobre a montagem, para se certificar que obtenha uma maior precisão desta informação;

Nivelando latitude
Nivelando latitude

Ligue o GPS do celular, e depois que o GPS estiver com as coordenadas, entre no app Kompas e certifique-se que a bússola aponta para o pólo norte/sul magnético (assim já tem uma ideia se a bússola está ou não sofrendo interferência), após isto, marque a opção “True North” e veja se ela aponta com precisão para o norte/sul celeste/verdadeiro. É importante perceber se a bússola não está sofrendo interferência, geralmente coloco ela no chão, um pouco afastada da montagem;

Alinhando com o Sul
Alinhando com o Sul

Após isto alinhe a cabeça da montagem para o sul celeste (de preferência folgue a montagem e gire ela, e não o tripé, para não perder o ajuste de nível), de acordo com a bússola. Caso gire o tripé, dê uma nova conferida no nível, através da bandeja mesmo – menos precisão – ou retirando a montagem e conferindo de novo – mais trabalho;

Ligue o motor: Se for o motor de passo, apenas ligue, não precisa clicar em qualquer botão de velocidade. Se for o motor de 9V, será necessário ajustar a velocidade e ir conferindo, até verificar que está correta;

Feito tudo isso, mire para o objeto desejado e tire a foto, de preferência com uns 20 segundos.

Lembrando que antes de colocar a câmera no adaptador para suporte de câmeras na montagem (que temos que improvisar ou adquirir um), ajuste sua câmera na distância focal desejada e o foco no infinito, já que uma vez na montagem, fica meio ruim de mudar a distância focal, dependendo do suporte utilizado. Ajustes de ISO e tempo de exposição podem ser feitos no suporte mesmo. Não esqueça também de usar um intervalômetro (ou pelo menos um disparador, para não tocar na câmera e trepidar a foto…lembrando que com disparador, você terá que ficar por lá dando os cliques, durante bastante tempo rsrsrsrs). Para fotografias com mais de 30 segundos, geralmente é necessário acionar o modo Bulb da câmera, e ajustar o tempo no intervalômetro ou manualmente com um disparador.

Agora vem a parte chata: conferir a foto. E aqui vão duas dicas que foram observadas pelo colega Ewertonn:

  • Se o rastro ocorrer “de lado”, ou seja, da direita para esquerda, possivelmente é o alinhamento para o sul que precisa de uma pequena correção (pequena mesmo, só uns toques no azimute, ou seja, gire a montagem ou o tripé todo mais para esquerda ou direita e vá fotografando, uns dois ou três ajustes devem ser suficientes).
  • Se o rastro é para cima ou para baixo, verifique se o balanço de peso da montagem está bem nivelado.

Com estas duas dicas consegui o tempo de 30 segundos citado, sem muito esforço.

PS.: Estou utilizando o motor de passo, mas caso esteja utilizando o motor de 9V, é necessário verificar também a velocidade…ainda não testei o acompanhamento com ele, mas uma vez acertada a velocidade, a mesma já fica ajustada no motor, ou seja, é um trabalho de uma só vez.

Ainda não tentei atingir tempos maiores, o que deve levar um pouco mais de tempo, mas agora sei quais parâmetros verificar. É possível que para uma maior precisão, além do ajuste de azimute (de um lado para outro tentando achar o sul), seja preciso um maior refinamento na altitude/latitude e sempre verificar o nível na montagem/tripé, a cada ajuste. Tentarei futuramente um alinhamento com o mak90mm, ver se consigo ao menos 10s a 20s nele, dada a alta distância focal do mesmo (1250mm).

Realmente fiquei bem animado com os resultados, farei mais testes e reportarei novos resultados. Provavelmente minha luta agora será com a edição das fotos de céu profundo, uma vez que não possuo prática alguma nelas, apenas nas fotografias planetárias (e olha lá rsrsrsrs).

Dúvidas? Favor postar nos comentários, o que eu souber, com certeza vou responder.

Até a próxima,

Edinaldo Oliveira

4 comentários em “Finalmente uma luz no fim do túnel: Dicas para começar um alinhamento polar.”

  1. Parabéns! Vou seguir seus passos. Se não acertar, vou até Caruaru (PE), pra você me ensinar. Tenho um equipamento exatamente igual, comprado há menos de 90 dias…o motor chegou semana passada. Show!

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    1. Obrigado!!! O novo motor de passo é grande, mas facilita bastante no momento do alinhamento, pois é uma bronca a menos para se preocupar.

      Qualquer coisa é só deixar a dúvida por aqui, se puder, com certeza ajudo.

      Boa sorte!

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      1. Vou aguardar o teste com o MAK90…pois ainda não tenho dovetail pra colocar a câmera. Uso uma T3i, sem modificações. Acoplo ela diretamente no MAK90, sem a lente da câmera, com anel adaptador.

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